sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

PolyPortugal em "A Tarde é Sua", TVI

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O grupo PolyPortugal esteve hoje representado no programa "A Tarde é Sua", da TVI, apresentado pela Fátima Lopes - pela voz e presença da Fátima Marques e do Daniel Cardoso.

Podem assistir ao vídeo do programa clicando neste link AQUI, e podem também ver a discussão que se gerou na página Facebook do programa, AQUI.



Como sempre, comentários são bem-vindos!

EDIT 23:27 - O servidor da TVI parece estar com problemas de momento... voltem a tentar mais tarde caso não o consigam ver agora!

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

É amanhã...

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O PolyPortugal vai estar na TVI, no programa "A Tarde é Sua", representado por 2 pessoas do grupo!

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Carta aberta do PolyPortugal à SIC Mulher

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No passado dia 22 de Novembro de 2012, a SIC Mulher emitiu, durante a sua programação, um curto segmento do programa “Mais Mulher” que dedicou ao tema “Poliamor”. Durante este segmento, Ana Rita Clara, a apresentadora, fez algumas perguntas a Pedro Lucas (director da revista Men’s Health), que retirava e fornecia as respostas a partir de uma fonte desconhecida.



O grupo PolyPortugal vem por este meio apresentar o seu repúdio pelos conteúdos de desinformação veiculados durante este programa, bem como pelo formato de apresentação dos mesmos. Consideramos que a forma como o conceito foi apresentado não corresponde a um mínimo de profissionalismo por parte dos profissionais de comunicação envolvidos no programa, especialmente se tomarmos em consideração que até uma rápida consulta pela Wikipédia teria trazido melhores e mais exactas informações do que as apresentadas.

É particularmente grave – e principal ponto de contenção desta carta – a perspectiva machista, patriarcal e homofóbica de que poliamor é “quando um homem tem várias mulheres e elas não se importam”. Esta suposta definição, que não encontra suporte em qualquer dicionário ou exploração académica, ignora o facto de que existem mulheres – muitas, proactivas e auto-determinadas, que fazem mais do que meramente “aceitar” aquilo que um homem deseja – em relações poliamorosas com vários homens, mulheres em relações poliamorosas com várias mulheres, mulheres em relações poliamorosas com vários homens e mulheres, pessoas transexuais e transgénero que não se identificam enquanto homens nem enquanto mulheres. Ignora também que existem igualmente homens em relações poliamorosas apenas com outros homens, ou com homens e mulheres. O que torna, por conseguinte, incompreensível o uso de uma expressão como “homem poliamor”.

Na sua pressa de se dirigir “às mulheres”, e de querer mostrar o que é ser “Mais Mulher”, o programa voltou a utilizar imagens objectificantes, retirando às mulheres a sua voz e a sua capacidade de auto-decisão; a usar o sarcasmo e a ironia ao mesmo tempo que alega “respeitar as decisões de cada pessoa”; a patologizar e diminuir as pessoas poliamorosas ao cruzar poliamor com “solidão”. Ser “Mais Mulher” parece não passar, para a SIC Mulher, por perceber que uma mulher pode efectivamente desejar estabelecer relações amorosas e/ou sexuais com mais do que uma pessoa ao mesmo tempo (por vezes, até, independentemente do sexo ou género dessas pessoas); e parece passar por falar do “verdadeiro homem” que “está só com uma mulher”, convocando o binarismo de género para elidir as experiências de tantas e tantos portuguesas e portugueses.

O PolyPortugal identifica-se como um grupo heterogéneo e defende a liberdade e a diversidade, tanto a nível sexual como relacional. O PolyPortugal esteve associado à organização da primeira Marcha do Orgulho LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgéneros/Transexuais) do Porto, onde continuou a participar nos anos subsequentes, bem como na de Lisboa. O PolyPortugal tem também vindo a associar-se a outras iniciativas e grupos feministas. Por tudo o acima exposto, e assumindo o seu feminismo, o PolyPortugal não se revê em nenhum do conteúdo apresentado neste programa.

O PolyPortugal ademais recomenda que neste, como em qualquer outro assunto, os profissionais a cargo de contactar com o público assumam a responsabilidade ligada à sua actividade profissional, e se informem, ou busquem quem seja capaz de fornecer informação sobre um tema, ao invés de replicarem e alimentarem discriminação e desinformação.

O grupo PolyPortugal

sábado, 29 de setembro de 2012

Poliamor no Expresso

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O Jornal Expresso tem vindo a publicar, ao longo das últimas semanas, os resultados de uma investigação que encomendou, em torno de vários aspectos da sexualidade em Portugal.

Saiu hoje o número que fala sobre "(in)fidelidades", e que aborda, entre outras coisas, relações poliamorosas, ou o horizonte mais alargado da não-monogamia.

Entre os vários resultados, 6% dos inquiridos diz já ter estado em relações com mais de uma pessoa ao mesmo tempo, com sentimentos de amor envolvidos e 8% diz que gostaria de estar numa relação estável com  mais de uma pessoa ao mesmo tempo.


Claro que existem sempre problemas e questões que se levantam com questionários deste género, desde o viés de desejabilidade social, até não sabermos se estas relações múltiplas passaram de facto por uma postura responsável e de consentimento informado. Um facto, porém, parece relativamente incontornável: pelo menos no nível das intenções e desejos, parece haver uma fatia relativamente grande de pessoas que vê o amor para além do par normativo.

Ao mesmo tempo, as diferenças de género nas respostas são gritantes, algo que terá de ser pensado separadamente.

Podem ler o artigo inteiro aqui, finalmente!


quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Activismo brasileiro

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A notícia já tem uns dias, mas está a chegar à imprensa portuguesa agora: uma família poliamorosa foi fazer-se reconhecer em notário, no Brasil!

No entanto, não deixa de ser interessante que a imprensa portuguesa não vá falar directamente com as pessoas envolvidas, que troque relação poliamorosa por "relação polígama", entre outras imprecisões... como falar de "casamento".


TVI 24

Público

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Contar cabeças

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Como é que se contam pessoas? Como é que se contam relações? O que é uma relação?

Já estive em tertúlias, programas variados, entrevistas aqui e ali, e um dos pontos que tento fazer passar é o de que existem mil e uma diferentes maneiras como, todos os dias, inserimos pequenos pedaços subtis de discriminação mono-normativa. Quando falamos de "relações a sério", quando falamos de "relações duradouras", quando falamos de "estar numa relação" - tudo uma série de marcadores 'oficiais' que dão credibilidade a uns tipos de relação, e a tiram a outros.

Costumo dizer que um one-night stand de 5 minutos é uma relação. E que uma amizade de 15 anos é uma relação. Mas quando dizemos "estou numa relação com X", os nossos interlocutores ficam com duas palavras a retinir-lhes na cabeça: sexo e paixão.

Tudo isto para dizer que há uma pergunta que me fazem constantemente, especialmente em entrevistas: Quantas relações tens?

Francamente, cada vez me custa mais responder a essa pergunta. Porque a resposta que eu dou remete constantemente para as relações que ocupam um papel mais nuclear na minha vida: as duas pessoas com quem estou a viver, e com quem tenho de facto relações românticas. A realidade, porém, é que bastaria alargar um pouco que fosse a definição de "relação", ou mesmo de "relação poliamorosa", e teria que incluir mais do que essas duas pessoas. Muitas vezes, acabo a não o fazer. E, muitas vezes também, essas "outras" relações - essas outras pessoas - acabam a não ter, também, visibilidade social (dentro do meu círculo social, entenda-se), quase como se não existissem. Quase como se não fossem importantes para mim. E, no entanto, são-no, profundamente.

Incomoda-me - e é isso que quero partilhar aqui - a minha cumplicidade na criação e reprodução de um sistema de privilégios. Privilégio de quem é relação a sério sobre quem não é. Privilégio de quem é visível sobre quem não é. Para mim, isso está errado e é profundamente desrespeitoso para com pessoas que escolheram partilhar uma parte das suas vidas, do seu tempo, e da sua pachorra, comigo.

(Por outro lado, deixo aqui a ressalva de que também defendo a possibilidade de alguma dessas pessoas - ou outras que nada tenham que ver comigo, noutras relações com outras pessoas - quererem ou precisarem de ficar dentro dessa invisibilidade.)

A essas pessoas, que posso ter deixado à sombra e desconsiderado: desculpem. É algo em que estou activamente a trabalhar.

domingo, 15 de julho de 2012

O amor do teu amor... teu amigo é?

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O título apresenta-se em forma de pergunta porque é isso que este texto é. Uma série de perguntas para quem eventualmente me possa ler. Vocês, nas vossas vidas, com as vossas pessoas, os vossos percursos, as vossas personalidades, as vossas experiências. Reflecti sozinha, gostava de agora reflectir em conjunto.

No poliamor há, quase sempre, uma qualquer possibilidade de expansão. Expansão de afectos, expansão de intimidades, expansão de sexualidades, expansão de experiências. Quando somxs mais de dois há - para ser perfeitamente óbvia - mais. Mais gente. Mais subjectividades. Mais vidas. Mais vontades. Mais tudo. O tempo é a grande subtracção no meio de tantas somas. Mas isto não é matemática. É mais complexo que isso.

Passamos a vida toda a aprender a "marcar territórios". A marcar espaços de segurança e a defendê-los com unhas e dentes. Na minha relação poly, eu passo a vida a desaprender, a desmarcar, a des-defender tudo e mais alguma coisa. Podia ser tão simples como a escrita: colocar des- à frente de cada palavra, acto e emoção. Contrariar instintos e impulsos. Contrariar sensações. Parece-me sempre tudo um movimento de ir contra uma qualquer maré fortíssima que me pode afogar. A maré, muitas vezes, sou eu.

Sou eu quando conheço amores de um meu amor. Quando conheço amigxs colorids de um meu amor. Quando conheço fuck buddies de um meu amor. Quando conheço pessoa-especial-não-muito-definida de um meu amor. Quando conheço pessoa-a-quem-dou-beijos-às-vezes-mas-não-é-muito-importante de um meu amor.

Ou quando...
Não conheço.

Conhecer ou não conhecer. Saber ou não saber. Estar ou não estar.

Qual é a vossa postura? Conhecem todxs xs amores dxs vossxs amores? E aqueles que não são amores mas são outra coisa qualquer significativa? Preferem conhecer a pessoa pessoalmente e conversar? Ou preferem nem sequer ver uma fotografia da pessoa? Gostam de saber que gostos tem, onde gosta de ir, o que faz? Procuram essa informação para saberem se o vosso amor está bem ou para vocês ficarem bem? Ou seja, para saberem com quem estão a lidar? Onde traçam os vossos limites?

Ao longo da minha relação já experimentei diversas posturas e a minha procura tem sido por aquela que é melhor para mim e para com quem estou. Raramente a encontro e falho constantemente.

Já estive perfeitamente bem durante tardes inteiras em que sabia que um amor estava a ter longas horas de sexo. Estava calma, segura e bem comigo mesma. Outras vezes, essas mesmas horas eram passadas em constante nervoso miudinho, que ia crescendo até não ser já miudinho. Nesses momentos são os olhares para o relógio, o tempo que se arrasta, cada coisa pequena que parece correr mal e a mente que não pára - de fervilhar, de inventar, de deduzir. Sou secretamente mordaz nesses momentos, dentro da minha cabeça. Não dói realmente, mas é um estar no tempo que mói.

Outras vezes estive lá, no momento. Vi beijos e carícias, vi toques. Nada se quebrou em mim. Nada de errado se passava, eu estava bem e estava em harmonia e estava lá.
Mas também já estive lá com dor. Também já estive lá de coração aberto para me sentir bem e não foi bom. Mesmo que só descobrisse depois o que havia doído assim tanto.

Às vezes nem sequer são estes momentos em si. Às vezes é a estranha ambiguidade de sentimentos quando ouvimos a voz de um nosso amor a falar de como foi o seu dia com aquela pessoa. Não é bonito mas quase que é mais "fácil" estar ali quando um encontro corre mal. Abraçar, segurar e dizer que para a próxima vai ser melhor. Mas e... quando o encontro corre bem? Quando fica perto de ser perfeito? A felicidade dos nossos amores devia apoderar-se de nós. Devia não deixar espaço para sentir mais nada do que absoluta alegria. Mas deixa demasiados espaços que tentamos preencher como podemos... O que fazem nesses momentos? Falam sobre isso? Revelam esse medo? Ou tentam colocar isso de parte e preencher com alegria e felicidade aquele momento? 

Tenho descobrido que as minhas escolhas para todas estas situações podem vir a determinar muito a minha vida e as minhas relações. Muitas vezes tenho escolhido uma postura de espectadora... alguém que assiste e apoia, mas que não faz parte da cena. Escolher entrar na cena e ser participante implica saber em que cenas se pode ou não entrar, como se pode entrar e saber como estar. Implica também uma coragem - um put it out there - no fundo uma exposição de nós mesmos a outrxs olhares, toques e perspectivas. Estar exposto pode ser mais fácil para uns que para outrxs. 

Para mim é
ter um coração fora do corpo, 
exposto ao tempo e
exposto ao amor e dor de muitas pessoas.
esse coração quer-se proteger e quer proteger quem ama, nas tem que lidar com os seus batimentos cardíacos, a sua própria pulsação... e não há caixa torácica por vezes. 


segunda-feira, 25 de junho de 2012

SlutWalk Porto e Lisboa 2012

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O grupo PolyPortugal apoia as SlutWalks portuguesas, e apela à participação!

SlutWalk Porto: www.slutwalkporto.wordpress.com
SlutWalk Lisboa: www.slutwalklisboa.wordpress.com
   




  

















SlutWalk* Portugal

* SLUT, galdéria, desavergonhada, puta, descarada, vadia, badalhoca, fácil

Em Janeiro de 2011 um polícia afirmou em Toronto que as mulheres devem evitar vestir-se de forma provocante se não quiserem ser violadas. Um ano depois, Portugal junta-se pela segunda vez à vaga de indignação que esta afirmação causou um pouco por todo o mundo, através da SLUTwalk Porto e da SLUTwalk Lisboa.

A SlutWalk tem como base a recusa da culpabilização das vítimas de violência sexual e de género; a recusa da vergonha pela afirmação da auto-determinação sexual de cada pessoa; a recusa dos moralismos sobre as várias expressões de sexualidade e não-sexualidade existentes, desde que exercidas com o consenso de todas as pessoas envolvidas.

Uma SLUT (galdéria, desavergonhada, puta, descarada, vadia, badalhoca, fácil) é qualquer pessoa que pretende afirmar o direito ao seu próprio corpo, o direito à(s) sua(s) sexualidade(s) (ou ausência dela(s)), o direito a vestir-se como bem entende, o direito a expressar-se livre e responsavelmente – e que, por isso, é insultada, agredida, discriminada, atacada. Não existe um comportamento típico da SLUT.

A SlutWalk pretende reclamar as palavras usadas para insultar, magoar e discriminar todas essas pessoas, reclamar o direito à não-moralização de quem é “fácil”, “difícil” ou “assim-assim” – e à violência de género associada. Temos a noção de que nem todas as pessoas se encontram em posição de poder reclamar esta e outras palavras. Temos a noção de que nem todas as pessoas são agredidas com estas palavras em específico. Ainda assim, defendemos que a recuperação de palavras agressoras é uma estratégia válida e possível, a par de outras – e que deve ser desenvolvida em conjunto com as lutas de quem não o pode ou deseja fazer.

A SlutWalk não pretende falar por todas as mulheres, ou por todas as pessoas. As diferentes experiências de etnia, estatuto sócio-económico, cultura, religião, configuração corporal e de género, etc, não se prestam a isso. Mas, ainda assim, a experiência de se ser chamada galdéria, desavergonhada, puta, descarada, vadia, badalhoca ou fácil está bastante disseminada em Portugal, e faz parte de uma dinâmica mais abrangente de discriminação e opressão patriarcal.

As pessoas envolvidas na SlutWalk são feministas – mulheres, trans*, homens, genderqueer, entre outras identidades. O feminismo não trata apenas de ‘direitos das mulheres’, trata da dignidade humana para todas as pessoas, independentemente do seu sexo ou género. É essa dignidade que é violada quando se culpam as vítimas de violência sexual e de género, quando se atacam pessoas por aquilo que elas fazem com o seu próprio corpo, tempo, roupa, palavras e atitudes.

Convém, no entanto, não esquecer que as mulheres* são ainda as mais claramente visadas pela violência de género: em 2011, mais de meia centena de mulheres foram vítimas de homicídio ou tentativa de homicídio por parte de companheirxs ou esposxs (dados da UMAR) e 40% das mulheres com mais de 60 anos também é alvo de abusos (dados da Univ. do Minho). O corpo de qualquer pessoa deve ser propriedade da própria pessoa. Recusamos a existência de proprietários de primeira (geralmente, homens), de segunda (geralmente, mulheres) e de terceira (geralmente, pessoas trans*).

Se SLUT – galdéria, desavergonhada, puta, descarada, vadia, badalhoca, fácil – é uma pessoa que decide sobre o seu corpo, sobre a sua sexualidade, e que procura prazer (nas suas várias formas), então, somos SLUTs, sim!

Não queremos piropos sexistas, não queremos paternalismo, não queremos violência sexual. Dizemos não, por mais cidadania. Dizemos não, por mais democracia. Dizemos não, pela possibilidade de todas as pessoas poderem habitar os espaços públicos e privados em igual segurança, com igual respeito. Dizemos não à dominação patriarcal do espaço físico onde as mulheres* se movimentam. Dizemos não, por mais liberdade.



Se ponho um decote… Não é Não!
Se pus aquelas calças de que tanto gostas… Não é Não!
Se visto calções ou mini-saia … Não é Não!
Se uso burqa… Não é Não!
Se tenho as mamas à mostra … Não é Não!
Se durmo com quem me apetece… Não é Não!
Se sou virgem… Não é Não!
Se tenho mais de 60 anos … Não é Não!
Se passo naquela rua… Não é Não!
Se vamos para os copos… Não é Não!
Se me sinto vulnerável… Não é Não!
Se sou deficiente… Não é Não!
Se saio com xs maiores galdérixs…Não é Não!
Se ontem dormi contigo… Não é Não!
Se sou trabalhadora sexual… Não é Não!
Se és meu chefe… Não é Não!
Se somos casadxs, companheirxs, namoradxs… Não é Não!
Se sou tua paciente… Não é Não!
Se sou tua parente… Não é Não!
Se sou imigrante ilegal… Não é Não!
Se tenho relações poliamorosas… Não é Não!
Se sou empregada de hotel… Não é Não!
Se tens dúvidas se aquilo foi um sim, então… Não é Não!
Se és padre, imã, rabi ou pujari… Não é Não!
Se beijo outra mulher no meio da rua… Não é Não!
Se a pessoa com quem estou agora gosta de sexo a três… Não é Não!
Se sou brasileira, cabo-verdiana, angolana ou de outro país que sofreu colonização… Não é Não!
Se tenho mamas e pila… Não é Não!
Se disse sim e já não me apetece… Não é Não!
Se sou empregada doméstica… Não é Não!
Se adoro ver pornografia… Não é Não!
Se ando à boleia… Não é Não!
Se estamos numa festa swing, numa sex party ou numa cena BDSM… Não é Não!
Se já abrimos o preservativo… Não é Não!
NÃO é sempre NÃO. Quando é SIM, não há ambiguidades ou dúvidas porque sabemos o que queremos e sabemos ser clarxs.

sábado, 23 de junho de 2012

PolyPortugal na Marcha Orgulho LGBT Lisboa 2012

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Podem ver aqui o discurso final na Marcha do Orgulho LGBT Lisboa 2012, proferido por Alistair, em nome do PolyPortugal.

sábado, 2 de junho de 2012

Nunca

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Nunca o provérbio “se não os podes vencer, junta-te a eles” fez tanto sentido. Não que eu queira vencer alguém, mas é a frase que me vem à cabeça cada vez que penso no que aconteceu este último mês. Sempre fui ciumenta. Quando estava numa relação, essa pessoa era minha e só minha, eu dela e só dela. Compreendia o poliamor, lutava pelo direito a amar mais do que uma pessoa, mas tinha a certeza que nunca iria embarcar numa relação a três, quatro, muitos. Ah, não. Achava que não era para mim. Que os meus ciúmes não iam nunca permitir uma relação deste tipo.

Quando surgiu a oportunidade de passar umas semanas numa comunidade de amor livre (que por razões de privacidade não vou identificar, tal como não me vou identificar), a minha mente e o meu coração fecharam-se. “Estou numa relação, por isso não vou procurar nada nem deixar que aconteça”, foi a resposta que dei ao meu namorado. Ele pediu-me que deixasse as portas abertas, que se o meu coração se fechasse ao exterior também se fecharia a ele (talvez?). Eu, na minha posição de fazer finca-pé, assegurei-lhe que nada se iria passar, porque eu não queria.

Mas passou-se. Não se trata de uma questão de querer, as coisas simplesmente acontecem. As minhas defesas foram caindo umas a seguir às outras quando via uma certa pessoa da comunidade. Desejava-o, gostava de estar na companhia dele e cada pequena acção me parecia um sinal. O simples facto dele se vir sentar junto a mim na esplanada ao jantar, quando podia ter escolhido dezenas de outros lugares, era para mim uma espécie de vitória. E eu seduzia-o. Fazia-o, mas sempre pensando que não iria passar daí, “porque eu tenho namorado à minha espera lá fora”. Aos poucos, apaixonei-me.

Telefonei ao meu namorado e falei-lhe do que sentia. Ele apenas me perguntou “se gostas dele, porque é que estás com tantos receios? Tens medo da minha reacção? Então porque me ligaste a contar? Vai em frente. Eu apoio-te, o meu amor por ti não muda, tal como espero que o teu por mim não mude”. Mas alguma coisa estava presa na garganta. Queria falar com o outro homem, mas as palavras não saíam. Não foi preciso – naquele lugar basta ler a expressão corporal e a minha brilhava como um anúncio de néon quando ele passava. Deixei-me levar e, no dia seguinte, a primeira pessoa a quem contei foi ao meu namorado. Ficou felicíssimo por mim, porque sentia que, naquele momento, eu estava verdadeiramente feliz. Quando estamos apaixonadas, a paixão não se dirige só à última pessoa de quem começámos a gostar. Estava apaixonada pelo meu namorado novamente, de uma forma tão forte como se tivesse sido a primeira vez que falávamos.

Entretanto voltei. Não sem antes falarmos sobre o que se tinha passado. Ele sabe que eu tenho um relacionamento, eu sei que ele tem outros relacionamentos, mais ou menos fugazes. E sei que ele vai deixar a comunidade antes de eu lá voltar, que vai voltar ao seu país e ao seu trabalho. Que talvez nem nos voltemos a ver. Mas a experiência ensinou-me muito. Não se trata de dançar conforme a música que é tocada, mas sim de não fechar o coração nem a mente. Amo-os aos dois – sim, é possível. E tenho saudades dos dois, tenho mais saudades do meu namorado do que alguma vez imaginei ter, com ou sem uma terceira pessoa. Estamos mais unidos que nunca – a relação passou a prova da verdade, da transparência. Deixou de haver ciúme e desconfiança. E isso vale mais do que tudo.

K.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Dois artigos sobre poliamor no P3

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Hoje trazemos mais cobertura noticiosa sobre poliamor, desta feita no P3, pelas mãos de Amanda Ribeiro.

A primeira peçaPoliamor: o amor não se divide, multiplica-se

A segundaPoliamor: como é viver uma relação a três ou mais?

Leiam, comentem, divulguem!

quarta-feira, 9 de maio de 2012

3ª Marcha contra a Bifobia, Intersexofobia, Homofobia, Lesbofobia, Polifobia e Transfobia

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Foi há uns poucos dias que vi anunciada a 3ª Marcha contra a Bifobia, Intersexofobia, Homofobia, Lesbofobia, Polifobia e Transfobia. Tanto quanto sei, é a primeira vez que uma manifestação pública se dirige, no nome, à questão específica do poliamor (e daí o “polifobia”, embora eu costume escrever polyfobia só mesmo para não criar confusões – coisa que nem sei muito bem se resulta ou não).


Esta atitude, por parte da PATH, é de louvar, não apenas pela inclusão do poliamor no nome, mas pelo desdobrar, explicitar e visibilizar também da intersexualidade (e, já agora, dos elementos mais comuns da sigla LGBT).

Por outro lado, convém lembrar e reflectir sobre o que é esta coisa da “polyfobia”, já que a palavra será certamente ainda desconhecida de muita gente (como “poliamor” o é). Claramente, todas estas fobias pretendem fazer um paralelismo e dar continuidade à ideia de homofobia, a primeira a aparecer historicamente enquanto palavra. O uso da palavra em contexto escrito surgiu em 1971, pela mão de George Weinberg, que pretendia assim significar o medo de estar perto de pessoas homossexuais mas também, e significativamente, o medo que essa proximidade pudesse funcionar como um vector de contágio e, assim, atacar a heterossexualidade das pessoas homofóbicas. Este medo iria portanto ter as características de outros tipos de fobias, gerando reacções irracionais, violentas, cujo objectivo seria a protecção de um risco inexistente de contágio – uma abordagem psicologizante do fenómeno.

O termo homofobia e seus derivados (presentes no nome da marcha) marcaram, na altura, um ponto de viragem importante: o recentrar da génese do problema; a deslocação retórica do “problema da homossexualidade” para o “problema da homofobia”, quase que diametralmente oposto. Porém, isto também implica um problema: esta viragem é feita mantendo os termos de base da situação. Troca-se uma psicologização por outra. Essa psicologização acaba a ocultar, até certo ponto, o nível supra-pessoal da “homofobia”, na medida em que a violência não é apenas pessoal e subjectiva, mas também estrutural e institucional. 

E, não obstante a importância de pensarmos nas palavras que usamos, e no peso que elas têm, não deixa de ser verdade que o próprio significado de “homofobia” e suas variantes se tem vindo a alterar. Quando falamos de homofobia institucional, quando falamos de homofobia estrutural – podemos estar a usar a mesma palavra, mas não porque acreditemos que uma instituição tem necessariamente uma psique. Antes, e não obstante o continuado uso da “fobia”, temos vindo a desenvolver um pensamento sobre como a hostilidade não é apenas pessoal, nem é apenas contextual. Podemos, por exemplo, relacionar este medo com outros elementos: nomeadamente, com o papel que o Outro é feito ocupar no questionar das certezas identitárias e das mundo-visões do “Eu”.

Mais uma coisa: no meio disto tudo, nunca é demais lembrar – a hostilidade contra as pessoas poliamorosas e contra a ideia abstracta de poliamor existe.
Existe quando alguém nos deseja uma “feliz vida com SIDA”. Ou quando alguém avisa uma pessoa com quem temos uma relação que ela vai apanhar SIDA. (Para quem estiver a pensar “Bem, se calhar ele é seropositivo”: não, não sou; e ainda que o fosse, este é um comentário que é hostil tanto para pessoas poly, como para pessoas seropositivas.)

Existe quando nos dizem que viver assim é “animalesco”.

Existe quando vamos na rua e temos que ouvir comentários machistas a serem-nos dirigidos, e não nos sentimos segurxs.

Existe quando beijar duas pessoas ao mesmo tempo deixa uma dezena a olhar para nós.

Existe quando apresentam queixa de nós no trabalho por nos afirmarmos publicamente como poly.






E existe em tantas, tantas outras situações…

Não quero fazer deste um texto triste. Quero fazer deste um texto feliz – porque estou feliz, porque me sinto feliz por haver quem avance, quem inove, quem alargue horizontes.

Obrigado, PATH. Obrigado pela tertúlia para a qual me convidaram. Obrigado por lutarem por mim também. De todo o meu coração (coração de poly!), obrigado.

domingo, 22 de abril de 2012

(miss)understandings

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Poliamor pode parecer à partida uma coisa individualista. O centrar na pessoa - e no que a pessoa deseja e quer para si - pode dar a impressão de que se trata de algo egoísta. Poderia ser. O que eu tenho vindo a aprender é que é mais sobre ter cuidado com os outros. Ter cuidado comigo, com os meus sentimentos sem nunca correr o risco de descurar os sentimentos das pessoas com quem estou... e das pessoas que estão com as pessoas com quem estou... e por aí adiante. Cuidar do outro. Não posso dizer que seja algo que aprendamos na socialização, realmente. Como mulher eu até devia saber o que é isso - a minha função tradicional devia ser cuidar da casa, cuidar do marido, cuidar dos filhos, cuidar dos mais velhos, doentes, acamados... só depois de mim. Mas o cuidar do poliamor - a sua ética de cuidado - tem pouco que ver com esta. Tem que ser um cuidar que parte de mim e do meu encontro comigo. Um cuidar que parte da compreensão dos meus sentimentos e de uma reflexão sobre as minhas acções. Um cuidar que não é subserviente, mas sim, responsável. Responsável por compreender que algo que não tem importância para mim pode ter importância para outro. Responsável por me recordar de que as outras pessoas não têm acesso à minha cabeça, nem aos meus raciocínios, nem ao que eu estou a sentir - e portanto sair da lógica da relação romântica idealizada em que o outro percebe sempre o meu íntimo e conhece todos os meus medos e portanto não necessidade de falar. Há absoluta necessidade de falar. E de saber como falar - com honestidade e sem recriminação. E perceber que mesmo falando e falando (e falando) isso não vai automaticamente resolver tudo. Compreender que há momentos melhores para falar que outros. E que cada um tem o seu tempo e a sua maneira de comunicar. Saber quando dizer: "não sei". Saber reconhecer isso como válido e perceber o que isso pode significar para quem ouve. Esta preocupação com uma honestidade comunicativa e uma ética de cuidar dos outros e das nossas relações não é exclusiva do poliamor, nem da não-monogamia. Só exige níveis distintos de complexidade, que têm mais que ver com as pessoas e não com as formas das relações.

Escrevo isto tão seriamente e logicamente, mas com o coração apertado. Foi mais um daqueles momentos em que não tenho a certeza de ter sabido o que sentia, de ter comunicado o que sentia ou não sentia atempadamente e com cuidado, de não ter cuidado de mim e de quem está comigo como queria. Gostaria que houvesse alguma forma melhor de reduzir a incompreensão - não no sentido de não ser compreensivo, mas no sentido dado muito melhor pela palavra inglesa missunderstanding. Estes missunderstandings podem sempre ser infinitos, como infinitas são as formas de cuidar que temos disponíveis. Neste momento eu gostava de não ter de usar mais palavras e de poder abraçar esse um meu amor. E talvez depois fosse possível continuarmos a cuidar de nós.

Inês

sábado, 21 de abril de 2012

Carta Aberta a Quintino Aires

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Caro Dr. Quintino Aires

Queria agradecer-lhe pelo muito que aprendi recentemente consigo no programa “A Hora do Sexo” da Antena 3. As suas palavras nos dias 7 e 30 de Março tiveram um efeito revelador sobre mim, que transformou radicalmente a minha visão do mundo e de mim mesma.

Finalmente, alguém capaz de me explicar preto-no-branco o que é o amor, e como se distingue de outras relações que não tem nada a ver, como o afecto entre pais e filhos, ou a amizade. Tanta poesia, tantos filmes, tantas canções, tanta gente a gastar dinheiro no psicólogo quando afinal é muito simples: basta verificar se há sexo oral. Afinal, uma mãe não faz sexo oral a um filho (e se faz, temos aqui uma situação crítica que inclusive é crime). Contra factos não há argumentos. Percebo agora a sua convicção de que não é possível amar mais do que uma pessoa ao mesmo tempo – realmente, é tecnicamente complicado fazer sexo oral a duas pessoas em simultâneo, e a três ou mais é talvez impossível. Vou tentar e depois logo lhe digo.

Mas, sabe (e tenho uma certa vergonha em admitir isto), eu continuo a achar que se calhar há outros aspectos do amor para além do sexo oral. Mas as suas palavras fizeram-me perceber que essa minha visão é simplesmente imatura, dado que ainda nao atingi o estado de desenvolvimento intelectual e emocional que me permite reconhecer o amor como uma relação que só pode acontecer entre duas pessoas. Percebi que o amor faz parte da inteligência, mas que com a inteligencia vem necessariamente a monogamia; logo alguém que ama uma pessoa é inteligente mas alguém que ama duas ou três tem o cérebro atrofiado. Da mesma forma que alguém um milhão de euros é rico, mas com dois ou três milhões é pobre.

Mas onde as suas palavras me tocaram realmente foi na forma como me permitiu perceber pela primeira vez a distinção entre a pessoa (o ser humano), e a espécie humana (Homo sapiens sapiens). As diferenças são claras e estão à vista de todos. O ser humano é monogâmico, a espécie é poligâmica. As pessoas fazem sexo, os indivíduos H. s. sapiens abordam-se uns aos outros. Consequentemente, o ser humano só pode ser compreendida recorrendo à Psicologia, enquanto a espécie humana é perfeitamente explicável pela Biologia. Nem queira saber a crise existencial que me causou saber que sou da espécie humana mas não um ser humano, uma pessoa. Mas explica muita coisa e fico-lhe eternamente grata.

Dr. Aires, esta sua visão é revolucionária, um salto quântico na nossa compreensão de nós mesmos. Está a desperdiçar o seu intelecto neste programeca de rádio quando o mundo inteiro precisa de saber estas coisas. Encorajo-o enfaticamente a escreva um artigo para a Nature, a fazer uma TED Talk sobre isto – o Dr. Aires é a nossa grande esperança para o próximo Prémio Nobel Português!

Um grande bem-haja

A.


PS: Transcrevo em baixo os extractos dos programas que mais me inspiraram, porque isto que diz é demasiado importante para não ser difundido.

A Hora do Sexo 07/03/2012

Raquel Bulha: “Vamos falar do poliamor. [...] Poli implica muita gente, gostar de muita gente, amar muita gente?”

Dr. Quintino Aires: “Não, não, não; gostar. Desejar, muita gente, no máximo; agora amar não. Amar é sempre uma relação só entre duas pessoas, dois adultos, o que implica também uma estruturação psicológica que uma criança ou um adolescente não pode, não consegue ainda.”

Raquel Bulha: “Sim, portanto há uma estruturação emocional amadurecida.”

Dr. Quintino Aires: “Exactamente. É só entre duas pessoas, não pode ser com muitas pessoas. Poliamor é uma expressão que dá jeito para quem não atingiu ainda esse estado de desenvolvimento.”

A Hora do Sexo 30/3/2012

Dr. Quintino Aires: “A espécie Homo sapiens sapiens não é monogâmica; a pessoa, o ser humano, é monogâmico. O que é que isto quer dizer: quando nós nascemos com informação genética tal como há 400 mil anos atrás, ou como quando há 100 mil anos antes da linguagem, antes da fala, funcionávamos na selva, na verdade não éramos monogâmicos, e portanto abordávamos-mos uns aos outros, mas também não fazíamos sexo. Quando nós evoluímos e o cérebro humano pode começar a transformar-se, aumentar em 50% pela relação que estabelece com as outras pessoas e pelo uso da linguagem, aumentar em 50% o tecido cerebral que o suporta e que lhe permite responder e tornar-se inteligente, quando se tornou inteligente, [...] aí já é monogâmico.”

[...]

Dr. Quintino Aires: “O amor é uma característica, é uma categoria psicológica, o amor faz parte da inteligência. E portanto [...] sendo uma característica psicológica [...] que portanto tem a ver com a inteligência, não é explicável pela biologia, apenas é explicável pela psicologia. Qual é o erro técnico científico grave que existe neste email, e que se repete muito, pelo menos em Portugal repete-se muito. É dar uma explicação de um fenómeno psicológico com base em leis da biologia. Portanto, se nós olharmos para a espécie Homo sapiens sapiens com os olhos da biologia (uma ciência lindíssima, importantíssima para entendermos a vida) então é verdade que [...] é poligâmico. Agora se olharmos com os olhos da psicologia e se quisermos falar de amor, então só podemos falar de amor ou de sexo dentro da psicologia, aí temos que reconhecer que é monogâmico.

[...]

Carta do ouvinte: “[...] o amor que se tem para dar (ou não), depende de cada individuo, e discordo que uma pessoa não seja capaz de amar 2 ou 3 outras pessoas.”

Dr. Quintino Aires: “Não, amar não. Diga desejar, ter vontade de fazer sexo, isso é outra coisa.”

Carta do ouvinte: “De facto, existem vários tipos de amor, e por certo ninguém vai considerar que uma mãe só consegue amar um filho, certo?”

Dr. Quintino Aires: “Não tem nada a ver, estás a ver o que eu tava-te a dizer Raquel?”

Raquel Bulha: “O amor não é entre mãe e filho.”

Dr. Quintino Aires: “Claro, a mãe não faz sexo oral ao filho.”

Raquel Bulha: “Ó pá, por favor Quintino!”

Dr. Quintino Aires: “Ó Raquel, temos que falar as coisas se não as pessoas não pensam.”

Raquel Bulha: “Sim, claro...”

Dr. Quintino Aires: “Uma mãe faz sexo oral ao filho?”

Raquel Bulha: “Não.”

Dr. Quintino Aires: “E se faz, temos aqui uma situação crítica que inclusive é crime. [...] Temos que ter cuidado com as palavras. A mãe sente afecto pelo filho, dois amigos sentem amizade, duas pessoas que estão apaixonadas e se amam sentem amor, mas então é outra categoria.”

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Beijo

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Hoje, ao que parece, é o dia do beijo.

O beijo é uma das coisas que mais me fascina. Não só porque adoro a actividade em si, mas também porque o beijo é uma das actividades mais ciosamente vigiadas (pelo menos por entre as publicamente aceites) que existe.
De tal ordem que, por muito que gostemos de um/x amigx, não podemos beijá-lx na boca, sob risco de estarmos a "confundir as coisas". Ou por mais que essa pessoa seja das pessoas em que mais confiamos, e com quem mais temos intimidade, o beijo transporta consigo (a leitura de) uma necessária sexualização das relações que é, por sua vez, visto como uma ameaça à integridade e estrutura das mesmas. (Sim, porque toda a gente sabe que o sexo estraga tudo, não é?). Se for entre pessoas do mesmo sexo, então, a homofobia ataca automaticamente.

Ora, isto é algo que me ultrapassa. Felizmente conheço mais do que uma pessoa que se sente também ultrapassada por estas lógicas de vigilância corporal - pessoas que beijo na boca como forma de cumprimento, sem que com isso esteja a sinalizar qualquer intenção sexual. Noutros casos, a vontade que tenho ou tive de beijar, ao de leve (!), alguém na boca como demonstração de cumplicidade, carinho, amizade, intimidade, não é bem recebida, compreendida ou, (no melhor dos casos) não é igualmente reciprocada.

Penso que isto tem que ver com uma (con-)fusão entre sexualização e intimidade. Porque é que os actos íntimos têm que ser lidos sexualmente? E porque é que os actos sexuais têm que ser lidos enquanto actos de intimidade? Ao separar (e recombinar quando desejável) cada um destes elementos, talvez possamos partir para um menor policiamento dos corpos, para uma menor secagem dos afectos e dos sentimentos, e para um aumentar da paleta emocional disponível.

domingo, 8 de abril de 2012

Poliamor nos media - entre Portugal e Brasil

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Os últimos tempos têm sido muito poly-carregados nos meios de comunicação...

Já aqui se falou das intervenções (duas!) do Quintino Aires na Antena 3 aqui e aqui. Essas foram, se calhar, para esquecer.

Mas no fim do mês passado saiu um artigo no jornal brasileiro O Tempo, que falava de poliamor, e onde até o Daniel Cardoso foi entrevistado.

Por terras portuguesas, desta vez foi a Revista Domingo, suplemento do Correio da Manhã, a falar de Poliamor. Podem ler o artigo aqui em baixo, comentar, partilhar...

Actualização: Está agora também disponível uma versão online do artigo, aqui.


sábado, 7 de abril de 2012

Os perigosos peritos

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Pois é Joaquim… seria descabido tratarmo-nos com cerimónias, chamá-lo Dr. Quintino Aires não valorizaria o conhecimento profundo que tem sobre mim e os meus sentimentos. Assim prefiro trata-lo pelo seu nome, quero sentir-me tão próxima de si como se sente de mim…

Quando ouvi os seus comentários sobre poliamor na Hora do Sexo, a minha reacção instintiva foi procurar o seu carro e furar-lhe os quatro pneus….mas como sou civilizada pensei: “Mas o Quim é só humano, não fez por mal. Infelizmente, acredita mesmo que sabe do que está a falar.” E pronto, o meu coração amoleceu, e os seus pneus Joaquim ficaram em segurança.

Mas…. Porque a falta de consciência é perigosa, sinto-me obrigada a conversar consigo Joaquim, para o seu próprio bem, para o ajudar a pensar, tal como o próprio Joaquim diz "Temos que falar as coisas porque senão as pessoas não pensam", diria até mais, para o ajudar a sentir. Porque ao ouvi-lo falar senti coisas, senti-me por exemplo como aquelas crianças de quem os pais falam na sua presença como se não estivessem lá. Senti-me triste, zangada, desrespeitada nos meus sentimentos.

Se o seu programa não é um receituário de sexo, então qualquer coisa não funcionou desta vez, o Joaquim disse-nos com clareza o que podemos ou não sentir se quisermos fazer parte do clube privado que é a humanidade. E de facto Quim, às vezes um quadrado cabe dentro do círculo outras não, sabe porquê? Porque há círculos de todos os tamanhos e quadrados também. Erro técnico…

E se o Ser Humano é monogâmico, então muito me conta, nesse caso, todos os povos poligâmicos e poliândricos não são humanos…. Não aumentaram o cérebro como os outros. Erro técnico? Espero que sim, porque a outra alternativa é assustadora, sobretudo num especialista, num professor que forma as mentes dos jovens.

E porque é uma área que me apaixona, a ligação corpo-mente, espanta-me que alguém que dá aulas de Neuropsicologia, diga em público que a biologia não tem a ver com a psicologia… lá se iria por terra tanto bom estudo e investigação que mostram o contrário. Teriamos portanto biologia de um lado, e psicologia do outro, nada de misturas para não sujar a segunda com a primeira?

“Temos que reconhecer que o ser humano é monogâmico”. Pois, lamento mas não temos, eu não reconheço, nem eu nem muitas outras pessoas que como eu. Parece-me que o senhor acha que o que distingue os afectos é a presença ou ausência de sexo oral. Embora considere tecnicamente exigente fazer sexo oral a duas pessoas ao mesmo tempo, consigo com certeza amá-las ao mesmo tempo, o que me tornará aos seus olhos um caso óbvio de imaturidade cerebral e subdesenvolvimento emocional.

Mas sabe uma coisa Joaquim, eu não o autorizei a definir-me, nem a si nem a nenhum “especialista”. E até estou a tentar respeitar os seus sentimentos, embora não tenha respeitado os meus, porque está a chamar-me e a todas as pessoas que acreditam ou vivem em poliamor idiotas ou mentirosas. Parece-se muito como um daltónico a rir-se das pessoas que “acham que vêem outras cores”.

Os “especialistas” sempre foram bons a definir o que era normal e anormal e graças a eles que têm a certeza daquilo em que acreditam, houve boa gente que passou muito maus bocados, simplesmente por não fazerem parte da opinião dominante da altura … e se há uma coisa em que os “especialistas” são “especialistas” é em mudar de opinião… mas isso já não apaga o que está feito pois não? E também gostam muito é de dar opiniões acerca de coisas que não experimentaram. O Joaquim já esteve envolvido numa relação poliamorosa assumida? É amigo de alguma família poliamorosa? Conhece sequer alguém que o seja? O tudo o que diz é baseado em teorias?

É demasiado fácil escudar-se atrás de uma de muitas teorias científicas para “provar” que quem é diferente de si tem uma falha no desenvolvimento. Teorias são coisas engraçadas, servem geralmente para provar que aquilo que achamos certo é melhor do que o que o vizinho acha certo. E que há uma verdade única que deve servir para toda a gente. Para mim Joaquim, as verdades são como os remédios, o que funciona para um, pode matar o outro.

E só para não acabar sem corrigir alguns erros técnico, numa relação poliamorosa ninguém está sempre nada, excepto vivo. “No poliamor cada um dos envolvidos está sempre envolvido com muitos outros….”, bem Joaquim só se for no seu caso. Isso implicaria uma de duas coisas: a obrigatoriedade de amar um número certo de pessoas, que é exactamente o contrário do poliamor, ou então a obrigatoriedade de se envolver com pessoas que não se ama para manter os números no sítio, o que é igualmente o contrário do poliamor. Pois, aqui o que conta não são os números nem as médias, ninguém está a tentar provar que é normal. O que importa são as pessoas.

E é verdade que há umas pessoas “patológicas”, porque não correspondem a norma e não têm ciúme, sentem até compersion (vá ao Google, Joaquim), mas eu preocupar-me-ia mais com aquelas pessoas que são ciúmentas e por isso são capazes de atrocidades para com as pessoas que “amam” do que comnosco que dê lá a volta que der não incomodamos ninguém (a não ser alguma mente puritana e um tudo nada retrógrada).

Portanto infelizmente acho que houve mais um pequeno erro técnico, esteve a falar de algo que com certeza não se chama poliamor, talvez Joaquimamor ou eventualmente algo que só existe na sua cabeça. O que existe na realidade são pessoas comuns que vão ao supermercado, cozinham , cuidam dos filhos, acordam rabujentas, passeiam na praia, lidam com os seus sentimentos tal como o Joaquim. Só diferem numa coisa, conseguem amar mais do que uma pessoa ao mesmo tempo. Já sei que não compreende, não faz mal Joaquim, não há problema, ninguém consegue compreender tudo, eu com certeza não o compreendo a si, é suficiente aceitar.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

A (má) Hora do Sexo

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Já foi há uns dias valentes, mas reparei que o programa "A Hora do Sexo", da Antena 3, voltou a pegar no tema do poliamor (e digo "voltou", porque já lá tinham passado em 2009). E, como não há fome que não dê em fartura, foram logo duas vezes (a primeira aqui, e a segunda aqui). Se se sentirem tentadxs a ir ouvir os dois pequenos programas, de cinco minutos cada um, recomendo que tenham por perto uma bola anti-stress.

A versão resumida das divagações de Quintino Aires é a seguinte: o homo sapiens sapiens é por natureza genética não-monogâmico, mas o ser humano é, por desenvolvimento cerebral, acesso à linguagem e superior inteligência, monogâmico. O "poliamor", por conseguinte, é: a) impossível, porque não podemos amar mais do que uma pessoa ao mesmo tempo, apenas desejar ou 'gostar'; b) uma desculpa para pessoas que desejam entrar em comportamentos promíscuos e usam os sentimentos para produzir um discurso politicamente correcto.

Quintino Aires comete tantos atropelos científicos em dez minutos que até faz doer.

Primeiro, ele pretende separar biologia de psicologia (mas é professor de neuropsicologia), de uma forma que faria o António Damásio ter um esgar de dor. Para Quintino, a psicologia de um indivíduo não é mais do que a acção do social sobre o dito indivíduo, uma espécie de transposição de um conteúdo para outro meio. Assim sendo, tecer considerações sobre a natureza genética ou biológica dos indivíduos é inútil, para ele. Ora, com algumas reticências, até aí eu concordo. Mas o passo seguinte é que me fascina. Porque se o nosso funcionamento psicológico é socialmente determinado, isso quer dizer que os nosso sentimentos, conceitos, etc (entre os quais Quintino acertadamente inclui o amor) são socialmente relativos. Ou seja, não têm mais existência objectiva do que aquela que um determinado contexto social cria.
Assim sendo, como é possível sustentar uma definição única, e objectiva, de amor? Se o amor é algo criado psicologicamente, então as diferentes psicologias humanas irão criar diferentes amores, e diferentes formas de amor, necessariamente!

Em segundo lugar, faz equacionar inteligência (neurológica) a uma suposta evolução cultural unívoca e teleológica. Será que desconhece a vasta quantidade de sociedades não-monogâmicas (patriarcais e matriarcais) existentes desde o surgimento do homo sapiens sapiens?

Por último: esta ideia de que não é possível amar mais do que uma pessoa (e que se prende com o primeiro ponto). Como dizem os ingleses... "says who?". Que provas apresenta Quintino Aires para esta afirmação totalmente anti-científica? Pois... nenhumas. É um problema deste tipo de afirmações, feitas com o peso institucional, mas com total irresponsabilidade científica.

No fim de contas, o mais triste é ver supostos especialistas a deixarem os seus conhecimentos de lado, para manipularem a informação que possuem de forma a fazer passar determinadas crenças e ideologias como sendo científicas, verdadeiras, factos terminados. E é contra esta má ciência, e contra esta má divulgação científica - que é uma falha do serviço público que os media Estatais deveriam prestar - que precisamos de protestar, de lutar, e de chamar a atenção.

PS - Não, Quintino, não... Uma sociedade "poliândrica" é aquela onde uma pessoa tem vários parceiros masculinos! E sim, um quadrado cabe dentro de um círculo - a quadratura do círculo é outra coisa completamente diferente...

quinta-feira, 29 de março de 2012

A Tertúlia sobre Poliamor com a PATH

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Foi no passado dia 27 que se deu, no TAGV, a Tertúlia sobre Poliamor organizada pela PATH, com duas pessoas a representar o PolyPortugal: Daniel Cardoso e Fátima Marques.

Estiveram cerca de 40 pessoas a assistir àquilo que foi uma sessão extremamente animada. A quem não pôde ir, fica aqui o registo...

Como sempre, todos os comentários são bem-vindos!

quarta-feira, 21 de março de 2012

PolyPortugal em Coimbra

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A PATH - Plataforma Anti-Transforbia e Homofobia - organizou uma tertúlia aberta ao público em Coimbra, no próximo dia 27 de Março, pelas 18 horas, no Teatro Académico Gil Vicente.

Terá, a representar o grupo PolyPortugal, a Fátima Marques e o Daniel Cardoso. Convidamos toda a gente a estar presente, e a partilhar a informação!

Está aqui o evento no Facebook. E segue o cartaz do evento...

clicar para ver versão ampliada

sexta-feira, 2 de março de 2012

Stand by

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Há uma sensação de estranheza quando uma relação acaba, muitas das vezes. Mas não há uma sensação menor de estranheza quando uma relação é posta no frigorífico ou, melhor dizendo, na prateleira.
Eu já aqui falei de poliamor e seus amor(es), diferentes visões da palavra e de como as amizades, ao implicarem intimidade, podem também circular à volta de práticas sexuais que alimentem essa mesma dinâmica de intimidade.

As minhas relações (poli-)amorosas não são todas românticas. Também não são relações de primeira e segunda categoria, são relações que passam por uma panóplia de experiências e tonalidades diferentes que podem misturar várias emoções, práticas eróticas, etc. Isto funciona precisamente porque, tendo cada uma das relações a sua especificidade, nenhuma está intrinsecamente valorizada face a outra (já cheguei, há anos atrás, quando estava ainda a descobrir esta coisa de como ser poliamoroso, a perigar uma relação de “namoro” por uma relação de amizade em que também existia sexo).

Só que, obviamente, nem toda a gente opera segundo os mesmos princípios, e o que acontece é uma descoincidência entre aquilo que se diz fazer, e aquilo que se faz na mesma. Porque, pela minha experiência, o que acaba a acontecer é que as relações de amizade (com sexo também) são vistas como não sendo “a sério”. Porque “a sério” é um namoro. A sério é alguém que se pode levar aos pais, apresentar e falar explicitamente sobre a existência de uma relação. E aí, a componente íntima sexual, ao invés de passar a ser uma parte integrante da relação de amizade, é um módulo externo a ela, sem a qual ela deverá passar tão bem como quando existe (dando provas da sua irrelevância, então?).

O resultado de uma visão hierarquizada das relações (ou do tipo de relações que se deve ter) é precisamente este: quando uma relação socialmente valorada como superior aparece no horizonte de possibilidades, então aquilo que existe perde importância relativa e torna-se passível de ser descartado.

Conheço várias pessoas que me dizem que isto tem que ver com “respeitar” a pessoa com quem iniciam essa nova relação. Tem que se respeitar os desejos monogâmicos dessa pessoa mesmo quando esses desejos são antitéticos aos de quem toma a decisão de secundarizar outras relações, já íntimas (supostamente) e duradouras (factualmente). Estranha coisa esta, que alguém entre num modelo de relação que não é aquele que mais deseja, por “respeito” a esse desejo de monogamia – porque é que tem que ser o desejo de monogamia a ser superiormente respeitado, face ao desejo de não-monogamia? Se fosse ao contrário, não se falaria de respeito: falar-se-ia de uma cedência ou sacrifício que a pessoa monogâmica faria em aceitar os comportamentos não-monogâmicos da pessoa por quem se apaixonou. E como este acto de respeito (acho que conseguem ouvir o sarcasmo através do computador!) é, apesar de tudo, muitas vezes feito um pouco a contra-gosto, então põe-se essa componente sexual / íntima na prateleira… até haver disponibilidade de lá ir buscar novamente (até já não ser preciso respeitar mais ninguém, parece). Porque a posição normativa é de respeito… as outras são uma violência, uma agressão a que algumas pessoas se sujeitam, então não se vê logo?!...

No meio disto tudo, onde fica o respeito pela relação pré-existente e pela sua especificidade? Onde fica o respeito que a pessoa tem por si mesma, pelas suas escolhas, e pelas suas preferências não-monogâmicas? E onde está o respeito vindo da tal nova pessoa, que vai ocupar o lugar “cimeiro”, e que se apaixona por alguém que é não-monogâmico, sem atenção ao ecossistema de relações que essa pessoa já tem, e apenas sob a condição de essa pessoa deixar de ser, em parte, quem era/é?

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Palestra sobre Poliamor e Psicologia em Évora - o registo

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A palestra "Poliamor e Psicologia", organizada pelo NEPUE, foi ontem, dia 28 de Fevereiro, em Évora. A quem não pôde estar lá, fica aqui o registo, em vídeo, de um evento que contou com cerca de 70 participantes, e bastante debate!

A representar o PolyPortugal estiveram o Daniel Cardoso e a Sofia Correia.

Deixem as vossas impressões nos comentários!


Algumas informações extra podem ser encontradas aqui, também.

Uma marca poliamorosa no activismo português

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A organização Caleidoscópio LGBT lançou hoje uma publicação comemorativa do seu quinto aniversário, chamada "5 Anos 50 Nomes" onde se destacam 50 momentos notáveis do movimento social e activista LGBTQ em Portugal.

Foi com um enorme prazer que encontrámos, por entre esses 50 momentos, a tertúlia que o Caleidoscópio LGBT organizou sobre poliamor, para a qual foram convidadas duas pessoas do grupo PolyPortugal.

Leiam toda a publicação mais abaixo, e juntem-se aqui ao evento de lançamento no Facebook!

Poliamor entre Portugal e o Brasil

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Pois é, a lusofonia tem destas coisas e o poliamor já circula entre lá e cá, cá e lá...

Três membros do grupo PolyPortugal apareceram numa pequena reportagem feita pela TV Globo - no programa "Amor e Sexo", que está agora disponível na internet, e pode ser vista seguindo este maravilhoso link!

Confiram! :-)

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Psicologia e Poliamor - Palestra em Évora

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O Núcleo de Estudantes de Psicologia da Universidade de Évora vai organizar, dia 28 de Fevereiro, uma Palestra Poliamor e Psicologia, a começar às 18:30, na sala 131 do Auditório CES (VER MAPA), e que conta com 2 representantes do grupo PolyPortugal.


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Apesar de o evento ser principalmente vocacionado para (futuros) profissionais no campo da Psicologia, a sessão está aberta a todxs, mediante pré-inscrição. Para mais informações, consultar o evento do Facebook.

Solicita-se a divulgação pelas vossas redes!

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Arte e Activismo

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Está aberto o concurso para o Cartaz da Marcha do Orgulho do Porto, cujo regulamento e informações estão disponíveis aqui!

Quem quer tentar a sua sorte?

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

"Em Foco" no YouTube - Poliamor

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Como já sabem, no passado dia 27 de Janeiro estive no Porto com a Juliana Azevedo e o João Paulo, a falar sobre poliamor.

O programa já está no YouTube, e podem vê-lo em duas partes aqui:


Fizeram também uma pequena peça sobre o programa, que pode ser vista aqui:


Que vos pareceu o programa? Dúvidas? Sugestões? Comentários? Todo o feedback é bem vindo!

sábado, 28 de janeiro de 2012

Vem que o amor...

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Esta música tem o condão de curar dores-poly para mim.

Quando uma insegurança desponta, quando um medo sem nome salta no escuro, quando algo não corre como esperado, quando há saudades e não há possibilidades de as matar, quando há vontade de estar e a vida não permite. Quando nem sabemos porque estamos tristes e só queríamos um abraço dxs nossxs companheirxs, ou uma conversa compreensiva. Quando nos perguntamos o que raio estamos a fazer a trilhar um caminho tão complicado quando há tantos supostamente mais simples em tanta coisa...

Só ouvir...

«Tu estás livre e eu estou livre
E há uma noite para passar
Porque não vamos unidos
Porque não vamos ficar
Na aventura dos sentidos

Tu estás só e eu mais só estou
Que tu tens o meu olhar
Tens a minha mão aberta
À espera de se fechar
Nessa tua mão deserta

Vem que o amor
Não é o tempo
Nem é o tempo
Que o faz
Vem que o amor
É o momento
Em que eu me dou
Em que te dás


Tu que buscas companhia
E eu que busco quem quiser
Ser o fim desta energia
Ser um corpo de prazer
Ser o fim de mais um dia

Tu continuas à espera
Do melhor que já não vem
E a esperança foi encontrada
Antes de ti por alguém
E eu sou melhor que nada.»

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Em Foco: Poliamor - às 22.30h

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Às
22.30h de hoje (Sexta-feira, dia 27) três membros do grupo PolyPortugal vão estar no programa "Em Foco", do canal Regiões TV.

Poderão assistir ao programa gravado no canal 193 da ZON ou no canal 19 da Cabovisão (e também através do site do canal).

O tema será "Novas Formas de Relações - Poliamor", e terá apresentação de Fátima Torres.

Contamos com vocês! :)

Em Foco: Poliamor

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Às 20h de hoje (Sexta-feira, dia 27), estarei com mais 2 pessoas do grupo PolyPortugal no programa "Em Foco", do canal Regiões TV.

Poderão assistir ao programa em directo no canal 193 da ZON ou no canal 19 da Cabovisão (e também através do site do canal).

O tema será "Novas Formas de Relações - Poliamor", e terá a apresentação de Fátima Torres.

Contamos com vocês! :)

sábado, 7 de janeiro de 2012

Poly Happy, Happy Poly?

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O poliamor, a bissexualidade e outros temas "estranhos" e muito à frente chegaram há algum tempo às revistas femininas. A última foi a Happy Woman de Dezembro que comprei para poder ler o artigo, não sem no acto da compra a minha cabeça ter ficado a latejar ao aperceber-me do módico preço: 2,50 € por 200 e tal páginas por mês - um preço em conta nos tempos que correm (não admira que se venda).

Como poliamorosa é sempre interessante para mim ver o discurso indirecto que sobre a minha vida se faz e quase nunca há um efeito de identificação com o que leio. As reacções podem ir da gargalhada à fúria gelada, mas nunca olhei para uma reportagem e disse: ora, aqui está como me sinto e vivo. Pois é. Sei bem dos constrangimentos da profissão - ou não fosse essa a minha formação, mas não tenho qualquer empatia por recriações ilusórias de realidades supostamente não ficcionadas. Esta foi mais uma dessas.

Há uma série de coisas que as pessoas que escrevem sobre poliamor deviam entender de uma vez por todas (ordem perfeitamente aleatória):

1) O poliamor não é uma tendência.
2) Eu não estou na moda.
3) Nós não somos adeptos (para o caso de não terem reparado, isto não é futebol).
4) Também não somos uma corrente ou movimento.
5) Nós não somos "eles" - uma senda qualquer obscura de pessoas estranhas com opções esquisitas que fazem coisas numa qualquer realidade paralela que não vai certamente tocar nos leitores das revistas. Porque os leitores das revistas às vezes (!) são bissexuais, lésbicas, transgéneros e até... poly. Que estranho!

Se calhar é por isso mesmo que o director da revista achou por bem escrever um editorial a prevenir as leitoras para a terrível ameaça do fim da monogamia - e cito, «No dia em que acreditar nisso [morte da monogamia] tenho de pensar que a amizade sincera, o altruísmo, o amor sem interesses, a paixão pura e desinteressada... são pura ficção».

Para além de não perceber a correlação entre monogamia e todas estas elevadíssimas categorias e acções morais, deixa-me ainda mais preocupada a assumpção fascinante de que só as pessoas monógamas serão capazes de tais atitudes benéficas...

(neste ponto, pergunto-me: se há uma ligação tão óbvia entre todas estas coisas, porque é que há tantos problemas num mundo supostamente monógamo? Não deveria ser tudo perfeito, senhor editor?)

E continua: «Estou convencido que quase todos procuramos, no fundo, a monogamia». Para além de eu ter medo destes "fundos" essenciais - têm sempre qualquer coisa de abissal e a mim faz-me um bocado confusão a ideia de que a verdade de todos nós se encontre sempre no fundo de qualquer coisa (ajuda a perceber porque é que a honestidade parece ser tarefa titânica) - também tenho medo de andarmos todos à procura do mesmo - e mais ainda de isso ser certeza absoluta de alguém que não me conhece. Mas pronto, há o termo "quase", «quase todos» - afinal não são todos (já agora, todxs), mas para quê pensar nos que NÃO pensam ou agem assim (não importa que "esses" sejam o tema da reportagem em destaque na capa).

E se de falácias não estivermos ainda fartos, ainda temos umas quantas mais: a monogamia leva-nos «a outro patamar» (divino? ancestral? surreal? abissal? hum?); ajuda-nos a encontrar o «verdadeiro eu» (mas que raio é isso?) e por fim, «tudo está construído hoje para acreditarmos que a monogamia é algo passado e fora de moda» - e eu que pensei que era nestas condições que estava o Feminismo, mas afinal não, é a monogamia à qual se dedicam todos os filmes, livros, Disney, reportagens, notícias, consumismo, rotinas, instituições, etc etc etc... imagino se ela estivesse na moda, o que não seria.

Depois de ler um editorial destes, que já tudo interpretou por nós, o que sobra às leitoras da revista fazerem? Guardarem o cérebro a sete chaves e verem se não o usam durante a leitura da reportagem, que é para a sua concepção de mundo não ser alterada (ou a concepção do editorial?)

/sarcasm mode off.

E pronto, não tenho mais nada a dizer. Think for yourselves.